Quando tudo dá errado, o que eu devo fazer?

Quando tudo dá errado, o que eu devo fazer?

Às vezes parece que nada funciona, e quanto mais você tenta sair do buraco onde se encontra, mais fundo chega. Todo mundo vai passar por essa situação em algum momento da vida, mas só vai sair dela quem souber a forma certa de agir. Quando tudo dá errado, é importante parar um momento e olhar para o que está acontecendo.

Pergunte-se como eu vim parar aqui? Onde estou tentando chegar? E o que está me impedindo?

Essas perguntas parecem tão simples, mas a grande maioria das pessoas não tem uma boa resposta – na verdade, elas não tem resposta alguma! E você, sabe direitinho para onde a sua vida está indo e como chegar lá, ou ainda parece que existem duas forças aí dentro, uma te levando para a frente e a outra te arrastando para trás?

Se você acredita que tudo está dando errado, é normal ter a sensação de lutar contra si mesmo, como se alguma coisa aí dentro não te permitisse ser tudo que você poderia ser.

Olha, o seu sentimento parte de algo muito real. Em cada um de nós, existe uma carga que precisa ser aliviada se quisermos avançar na jornada. Nós já vamos conversar sobre ela, e conhecer um jeito de lidar com essa carga!

Quando tudo dá errado: fique alerta aos sinais

Não é difícil perceber quando tudo dá errado na sua vida. Você olha para trás, e nem sabe dizer quando os problemas começaram – é como se eles estivessem lá há vários anos, apenas se acumulando.

Para muitas pessoas, a sensação é de ter caído num buraco em algum ponto da vida, e sempre que você tenta sair, de alguma forma acaba se afundando ainda mais. As coisas vão seguindo um roteiro que chega a ser estranho, e quando você sente que “agora vai” aparece uma nova surpresa: um acidente, uma doença, uma dívida.

Há quem chame de provação, karma ou inferno astral, o fato é que isso já perdeu a graça, e você só quer respirar um pouco fora desse buraco onde sua vida se enfiou. Antes de mais nada, eu preciso te dizer que isso é muito possível, mas teremos que percorrer uma jornada – e ela começa por entender como chegamos até aqui!

Origem e destino

A vida de cada pessoa é como uma batalha constante entre o passado e o futuro. Um é a nossa origem, o ponto de partida, e o outro é o nosso destino. Você pode achar que existe uma linha reta entre os dois, mas o avanço está longe de ser linear. Em alguns momentos avançamos mais rápido, em outro ficamos parados, e ainda existem situações nas quais andamos para trás.

Por um lado, o futuro é capaz de nos mover por todas as suas promessas – uma bela família, um trabalho incrível, dinheiro, viagens, pessoas, experiências e tudo de bom que ainda esperamos receber da vida. Em poucas palavras, o futuro é onde moram todos os nossos sonhos.

Pelo outro, o nosso passado é um lugar de onde podemos tirar forças e boas memórias para nos levar adiante, mas também pode ser como uma prisão. Você tenta avançar, e algo te prende lá atrás, como um ciclo. Você já percebeu que, quando tudo dá errado na vida de alguém, é normal ouvir essa pessoa dizer que está presa num ciclo, vivendo de novo e de novo os mesmos problemas?

Talvez seja dessa forma que você está se sentindo, agora mesmo!

Esse ciclo é real e tem um motivo, ou melhor, quatro motivos para existir. Por enquanto, é importante entender que quando tudo dá errado na sua vida, você fica mais perto do seu passado e tende a receber algo que faltou lá atrás, na sua origem.

Proteção

Quando nascemos, e nos primeiros anos de vida, não temos condição de nos proteger. O bebê e a criança precisam do adulto para isso, mas por vários motivos, a proteção falta. Se isso acontece, pode ser que alguém nos faça mal, e não teremos a quem pedir ajuda para lidar com o momento ou as suas consequências.

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Provimento

Isso também passa pelos materiais, mas vai muito além. A criança deve ser provida de amor, carinho e valorização para entender que ela é digna de tudo isso. Quando o provimento não chega logo cedo, é normal alcançar a vida adulta e sentir que não merecemos nada positivo.

Ensino

Alguém deve nos mostrar o que é o mundo e como ele funciona – como lidar com as pessoas, agir para conquistar o que é seu ou reconhecer as próprias emoções, por exemplo. Na falta desses ensinamentos, a pessoa levará anos para entender o que poderia descobrir em dias.

Estímulo

É preciso ter espaço para crescer e se expandir, tornando-se uma pessoa cada vez mais forte e saudável nos aspectos psicológicos. Quando a criança não recebe estímulos para isso, fica limitada e não terá a criatividade ou a firmeza para se posicionar no mundo.

Esses elementos são o básico para que alguém tenha como se desenvolver com saúde – física e emocional. Quando eles são entregues em um nível correto, vamos ter as ferramentas internas para construir o nosso futuro, mas se um ou alguns deles ficam faltando, aumentam as chances de ficarmos presos ao passado – e aí é quando tudo dá errado!

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Ganhos indiretos: os quatro padrões de quando tudo dá errado

Nessa viagem entre o passado e o futuro, você tem o poder de escolher a direção. Algumas ações te aproximam do destino, e outras da origem. Quando tudo dá errado na sua vida, é muito provável que este segundo grupo – o das ações que levam ao passado – esteja por trás de tudo.

Antes de mais nada, é importante entender que uma grande parte dos nossos comportamentos acontece de forma inconsciente – você faz as coisas, e nem percebe direito. Pense como isso ocorre em situações muito simples: podemos escovar os dentes, dirigir até o trabalho ou lavar os pratos do dia pensando num monte de coisas, e não prestamos atenção em cada movimento dessas tarefas.

Em um nível mais amplo, o inconsciente também toma decisões que encaminham a nossa vida, ao passado ou ao futuro, e nos dois casos ele está interessado em ter algum tipo de ganho.

Quando as decisões apontam para o futuro, elas buscam um ganho real, que traz saúde, vida, bons relacionamentos, emoções positivas, equilíbrio financeiro, satisfação com o trabalho e o que mais você deseja obter.

Se apontam para o passado, existe um ganho indireto, algo que você precisa obter mas ainda não é capaz de enxergar. Não é um objetivo como esses que vão parar em listas de fim de ano, é algo muito mais profundo e difícil de perceber.

Os ganhos indiretos olham para o que te faltou lá na origem – proteção, provimento, ensino ou estímulo – e buscam conquistar isso hoje. Em outras palavras, eles são resquícios de uma criança ferida que mora dentro de você, e usa os recursos que você possui hoje, na vida adulta, para conquistar o que não teve durante a infância.

Existem quatro conjuntos de ganhos indiretos, e cada um tem como objetivo obter um resultado emocional muito específico.

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Vítima, Inocente, Não se responsabiliza

Esse padrão vai fazer você buscar, mesmo de forma inconsciente, situações nas quais seja a vítima de um acontecimento. Ele é muito comum quando a pessoa realmente foi vítima de algo negativo durante a infância, mas recebeu a culpa pelo acontecido.

Ela pode ter sofrido um abuso, e escutado um adulto dizer que “não deveria se comportar assim” ou “não deveria andar nesse lugar”. Pode ter perdido um dos pais, e achar que a culpa foi dela. Pode ter cometido um erro bobo, infantil, e recebido a punição por algo muito mais grave.

Situações como essas fazem com que a criança, mesmo dentro do adulto, passe a gritar: não foi minha culpa! Hoje, ela tem uma necessidade acima do normal por mostrar que não é culpa dela, e cria ou entra em momentos que permitam dizer isso.

Ela também pode entender que, quando é responsável por algo, coisas ruins acontecem, por isso evita assumir a responsabilidade pela própria vida e pelas escolhas que precisa tomar. Sem controle, a vida acontece e os problemas se acumulam, mas ela só percebe o tamanho do buraco quando tudo dá errado.

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Aprovação, Reconhecimento, Cuidado

Esse conjunto de ganhos indiretos faz com que a pessoa se coloque em situações onde ela precisa de atenção, e está muito ligado ao adoecimento, acidentes e problemas financeiros. Nós temos uma ideia de que, se a pessoa está passando por problemas como esses, ela precisa de reconhecimento e cuidado.

Por um lado, acreditamos que ela é uma pessoa guerreira (aprovação, reconhecimento) por estar enfrentando as atribulações, e por outro entendemos que não é hora de criar mais problemas, devemos ficar calmos e ajudá-la (cuidado).

São ganhos indiretos buscados, quase sempre, por pessoas que receberam pouco estímulo e atenção ao longo da infância. Talvez uma criança que tenha sido abandonada pelo pai, ou que sempre esteve lutando pelo amor da família. Isso deixou um vazio emocional, o qual é preenchido através do cuidado que se recebe nos momentos de dificuldade.

Força, Poder, Controle, Vingança

Estes são os ganhos indiretos de quem precisa estar à frente das situações, custe o que custar. As pessoas que precisam deles podem atravessar o caminho dos outros, e até o de si mesmas, impedindo que algo bom aconteça, se estiver fora do seu controle.

É evidente que o desejo por força, poder e controle está ligado às pessoas que buscam posições de autoridade, mas essa relação não é determinante. Em muitos casos, pode parecer que alguém está “por baixo” na situação, mas essa pessoa é quem está no comando.

Pense em quando você não quer estar em um lugar, mas precisa ir. Se a sua necessidade por esses ganhos indiretos for muito grande, talvez o seu corpo fique doente, com uma dor de cabeça ou de barriga, por exemplo, só para evitar a saída. Você fica mal, mas recebe o que gostaria, e de alguma forma está no controle.

O que faltou na infância não foi controle, mas liberdade. A criança que busca esses ganhos gostaria de fazer as coisas interessantes, mas nunca podia, pois já haviam outros planos traçados por seus pais, professores ou quem quer que seja. Sem poder lutar de frente com essa autoridade maior, a única saída encontrada por ela foi recorrer aos ganhos indiretos.

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Perdão, Penitência, Paraíso

Quem tem esses ganhos sente que precisa se punir para lidar com algum tipo de culpa, sobretudo quando entende que fez mal a outras pessoas. É um conjunto de ganhos muito ligado à visão que você tem sobre Deus, ou qualquer outro tipo de força maior.

Talvez o seu medo seja de morrer sem receber o perdão, então você se pune agora para não enfrentar as consequências do outro lado. A criança que se pune e se vinga de si mesma pode ter sentido que foi um peso na vida de seus pais, ou que foi responsável por algum acontecimento que prejudicou outras pessoas na infância.

Alguns padrões comuns são os problemas

  • Financeiros, gastando tudo por sentir que não merece aquele dinheiro;
  • De saúde, seguindo hábitos negativos mesmo sabendo que te trazem doenças;
  • De relacionamento, se prendendo a alguém que te puxa para baixo, por acreditar que essa pessoa te faz “pagar os seus pecados”.

É muito importante você saber que qualquer conjunto pode levar a qualquer tipo de ação que prejudique a sua própria vida. Em outras palavras, só você pode entender quais são os motivos para as suas ações, quais os sentimentos que exigiram um desses ganhos indiretos para se satisfazer.

Diferença para os ganhos secundários

Quando falamos sobre os ganhos indiretos, é normal confundir com os ganhos secundários – uma outra forma de ação que também pode nos prender a ciclos negativos – e por isso nós precisamos entender a diferença direitinho.

Nos ganhos secundários sempre existe um “mas”. Nós vemos que algo ruim está acontecendo em nossa vida, mas isso traz um ganho. É muito fácil perceber quando eles existem, pois a pessoa sempre reclama da mesma situação.

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Ela está num relacionamento ruim ou num emprego detestável, fala todos os dias sobre mudar, mas algo a prende nessa situação.

No caso dos ganhos indiretos, não existe um mas. Eles são benefícios emocionais verdadeiros e até mesmo superiores aos seus objetivos de vida. Como vimos, o ganho indireto sempre vai preencher algo que faltou, e por isso ainda está sendo buscado.

O que fazer quando tudo dá errado na sua vida?

Se você percebeu que todas as suas ações estão te levando cada vez mais fundo, o primeiro passo é parar de cavar. Como nós já vimos, existem alguns elementos pouco conhecidos por trás do que está acontecendo na sua vida, e continuar agindo cegamente não vai ajudar muito.

Quando tudo dá errado, nós temos que saber porquê. Isso significa entender quais ganhos indiretos estão te movendo, e como eles geram as ações que te fazem afundar mais e mais. Antes de mais nada, procure olhar mais para as suas emoções em cada área com problemas.

Seja no relacionamento, no trabalho ou na saúde, por exemplo, vale pensar com calma: o que você gostaria de dizer ao mundo, e o que gostaria de receber dele? Escute a criança que grita dentro de você. Talvez ela diga “eu estou com medo” e deseje proteção, ou diga “eu estou com raiva” e deseje compreensão; talvez ela diga “não foi minha culpa” e deseje a inocência.

Origem

Em qualquer resposta que você encontrar, perceba como existe uma lacuna emocional – proteção, compreensão, inocência. É uma falta que você vem trazendo por anos, e surgiu muito antes de você conhecer as palavras para expressar.

Veja como as ações que fizeram algo dar errado foram tentativas de preencher esse vazio. Isso não significa que você tem culpa por esses problemas, mas de alguma forma você os usou para preencher as suas lacunas internas, e não é pior do que ninguém por conta disso.

Destino

Além disso, veja como outras pessoas passam por situações semelhantes, mas não sentem que tudo dá errado, e conseguem lidar com o problema, seguindo adiante.

Com isso eu não quero dizer que elas são melhores, nem mais fortes, apenas que elas estão alinhadas aos ganhos reais. Eles são o oposto do ganho indireto, e trazem vida, saúde, realizações, sucesso, bons relacionamentos.

Os ganhos reais são o caminho para o futuro, e não para o passado, e esse é um caminho que você também pode seguir. Se hoje você tem a mente de uma criança que pede ajuda, também tem a mente de um adulto capaz de ajudar. Mostre como ela pode deixar o peso para trás e correr livre, e sinta como você pode fazer o mesmo, partindo em direção ao seu destino!

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Conclusão

Conhecer os ganhos indiretos e a sua origem pode ajudar você a entender um pouco melhor o que está fazendo tudo dar errado, e como frear essa maré ruim, mas tenha em mente que esses conjuntos não são um diagnóstico e nem devem ser vistos como uma determinação para o seu futuro!

Não importa muito em que caixinha você está, ou qual ganho ela traz. O mais importante é avaliar como você tem cuidado das suas necessidades, para se aproximar do futuro e lidar de forma saudável com o passado.

Cada pessoa tem uma história, com mais ou menos traumas. Essa história, esse passado, não pode orientar a bússola da sua vida. A direção deve sempre ser o futuro, os ganhos reais e tudo que eles podem trazer.

Apontar na direção certa pode ser mais fácil se você tiver a ajuda de alguém que já percorreu esse caminho, e ensinou os atalhos para muitas outras pessoas. A análise corporal vai te apoiar em despertar teus superpoderes se encontrar cada vez mais perto do seu destino!

 

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Luiza Meneghim

Especialista em desenvolvimento humano. Mentora de carreira e relacionamentos. Analista corporal. Membro fundador 027 do GPS.
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