Fibromialgia, o que essa dor está tentando dizer?

Fibromialgia, o que essa dor está tentando dizer?

Uma dor crônica, a fibromialgia atinge muitas áreas do corpo e não é causada por um fator visível, como acidente, inflamação ou outras doenças. Essa falta de “visibilidade” faz com que ela não seja diagnosticada por exames comuns, e se torne algo que a medicina aponta levando em conta a fala de quem está com as dores.

A maioria das pessoas passa por uma bateria enorme de avaliações, que buscam uma causa, mas não encontram nada de errado em seus corpos. Por esse motivo, quem vive com a fibromialgia pode ouvir diversos termos ofensivos que minimizam o seu sofrimento.

Amigos, colegas de emprego e até mesmo familiares podem dizer que isso é uma frescura, medo de trabalhar, ou o fruto de uma loucura. Antes de mais nada, temos de quebrar essa ideia, pois ela só aumenta a aflição de quem já está carregando tanta dor!

Hoje em dia, o diagnóstico é cada vez mais comum – de 2 a 5% das pessoas apresentam fibromialgia, a depender do país. Chamam atenção os fatos de que 80 a 90% delas são mulheres, e a maioria tem de 30 a 50 anos.

Além disso, os pacientes contam histórias muito parecidas, que nós vamos conhecer mais à frente. Elas podem mostrar um caminho para aliviar o problema, pois nos ajudam a ver melhor o que essa dor está tentando mostrar.

Quais os seus sintomas?

A fibromialgia pode ser uma experiência muito singular, com efeitos diferentes para cada pessoa. Vários estudos sobre o tema apontam que o único ponto em comum é a dor, e os outros sintomas podem mudar bastante. Eles incluem, por exemplo:

  • Fadiga contínua, com a sensação de cansaço mesmo após dias sem esforço;
  • Rigidez matinal, sentindo os músculos travados ao acordar;
  • Perda de força muscular;
  • O sono não repara, a pessoa acorda várias vezes, tem sonhos estranhos e não é capaz de relaxar;

As dores podem causar a insônia, mas ela também pode se tornar independente e aparecer mesmo quando a dor não está lá.

  • Sensação de dormência ou formigamento pelo corpo;
  • Sensação de inchaço em muitas áreas, sobretudo nas articulações, mesmo que o corpo não esteja inchado em nenhum lugar;
  • Cefaleia tensional, uma dor de cabeça gerada pela contração do pescoço, da testa ou da mandíbula;
  • Inflamações constantes no intestino;
  • Cólicas, que em mulheres podem se agravar na época menstrual;
  • Também podem haver sintomas psicológicos, com traços de ansiedade e depressão.

E o diagnóstico?

Como já vimos, ele é feito com base nos relatos do paciente. Deve haver uma dor geral, e alguns médicos usam pontos espalhados pelo corpo para testar o incômodo que eles causam na pessoa. Alguns pontos também servem como gatilhos, criando uma dor que começa ali mas se espalha para outras áreas.

A dor crônica deve estar presente por mais de quatro meses, e costuma vir com essas características:

  • Não tem controle, mesmo com o uso de medicação;
  • Gera sensação de impotência que faz a pessoa se afastar do trabalho ou atividades do seu gosto;
  • Causa uma rejeição da pessoa a seu próprio corpo, que passa a ser visto como um obstáculo.

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Como a fibromialgia pode interferir na vida de alguém?

A dor e a sensação de não ser entendido podem causar vários desafios para quem tem fibromialgia, a começar pela saída do trabalho e o enfraquecimento das suas relações sociais.

Deixar de trabalhar é como deixar um pilar central de si mesmo, fazendo com que a pessoa se desvalorize ou se sinta desvalorizada pelos demais. Esse efeito não é causado apenas pela doença, e tem um fator social muito forte. Ele envolve o desejo de se manter produtivo e o medo de ser dependente, um “peso” para a família e os demais cuidadores.

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O sentimento pode evoluir para sinais de ansiedade e depressão, e sabe-se que estes acentuam a dor, criando um ciclo negativo. Ele se agrava em muitos pacientes que não vêem sentido no adoecer, pois estamos acostumados à ideia de uma causa para toda dor. Embora a fibromialgia tenha explicação, quem não conhece a doença sente que ela parece surgir “do nada”.

Outra emoção comum nos casos de fibromialgia é a solidão, ou o isolamento, causado pela sensação de que “ninguém entende a minha dor”. Ela é mais comum quando a palavra da pessoa é questionada, pela família, amigos e até por equipes de saúde mal preparadas.

A ideia de perda, ou nostalgia, com o ideal de saúde e o bem-estar presos no passado, também podem contribuir para esse tipo de pensamento. Tudo isso resulta na visão de estar sendo esquecido, conforme se afasta dos espaços de trabalho ou de lazer e, assim, das relações que possuía.

A fibromialgia tem origem emocional?

O papel de fatores emocionais e psicológicos na fibromialgia está cada vez mais claro. Até mesmo a medicina tradicional aponta que ela não pode ser tratada apenas com remédios.

Falar que a doença é emocional, no entanto, pode criar vários tipos de confusão. Isso faz algumas pessoas afirmarem que basta não pensar na dor, ou que a fibromialgia tem a ver com algum tipo de loucura, por exemplo.

As duas visões não só estão muito, muito erradas, como podem elevar o sofrimento da pessoa, graças a todos os elementos que vimos no último tópico.

Em resumo, podemos dizer que sim, ela tem uma origem emocional, e isso é notável se olharmos os relatos de como a dor surgiu. Eles costumam ser muito parecidos entre pacientes sem nenhum contato com os outros, ou conhecimento médico sobre a doença.

Antes da fibromialgia

São comuns as histórias de pessoas que estavam se pressionando demais no trabalho, para dar conta de exigências que chegavam a todo momento, e sentindo que deviam ser capazes de atender à demanda, mesmo quando o corpo dizia para elas diminuírem o ritmo.

Ao perceber que não estavam dando conta, elas se pressionaram ainda mais, acreditando que seu corpo devia atender qualquer pedido e ter domínio sobre o mundo externo. Ao ver que este mesmo corpo é vulnerável – dói, cansa, dorme – a pessoa exige ainda mais esforço dele.

Em certos locais, o desejo interno de fazer mais pode ser elevado por fatores externos, como a competição dos colegas ou a valorização de quem entrega os melhores resultados, não importa qual seja o preço.

A ideia de que devia ser mais, ao encontrar esse alimento, se torna um desejo compulsivo. Eduardo de Sá, professor de psicologia na Universidade de Coimbra, chega a dizer que as queixas da fibromialgia são expressões de personalidades claramente obsessivas.

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Os traços de caráter influenciam a fibromialgia?

Se você conhece a teoria dos traços de caráter, já deve estar pensando no traço rígido. Ele tem essa “pressão por fazer” como um de seus principais aspectos.

Para quem não sabe, o traço rígido quer brilhar e ganhar o mundo, mas também se preocupa com o que as pessoas pensam sobre ele. Seu medo – no trabalho – não é apenas o de ser demitido, mas o de ser trocado, ou excluído. Ele tem uma carga emocional muito maior, que não permite “deixar tudo pra lá”.

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Com isso o traço rígido se torna competitivo, buscando formas de estar sempre por cima – ser o melhor, para que ninguém pense em deixá-lo para trás. Essas atitudes, somadas, podem resultar na obsessão por mais resultados: estudar mais, trabalhar mais, se desenvolver mais, até o ponto da exaustão.

É normal, por exemplo, que pacientes com fibromialgia tenham vivido primeiro com a lesão por esforço repetitivo (LER), mas isso não os levou a adotar qualquer mudança real no ritmo de trabalho, havendo apenas um ajuste à dor.

Essa relação entre o trabalho e a doença pode ser ainda mais forte quando o traço rígido é posto para repetir tarefas (o que conduz à LER, por sinal). Sua mente pode criar ideias como: se qualquer pessoa pode fazer isso, então eu vou ser substituído a menos que faça melhor e mais rápido.

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O problema da triangulação

Outro elemento do traço rígido que pode contribuir para a fibromialgia, mas não é tão fácil de ver quanto o esforço no trabalho, é sua atitude de triangular.

Em resumo, pelo medo de ser excluído, o traço vai ter lidar com opções – no próprio trabalho, no amor, e assim por diante – mas talvez não se comprometa com nenhuma delas. É uma postura de dar um passo à frente, e outro atrás, ir, mas não ir.

Esse conflito pode se refletir no corpo, onde os músculos trabalham em pares. Para dar um passo, por exemplo, cada perna deve relaxar alguns deles, e contrair outros. Como o rígido pode “ir mas não ir”, as ações não fluem: os dois lados se contraem, fazendo uma força que não produz nada – exceto a dor.

Imagine que você tem de empurrar uma parede, e não pode deixar de fazer força. É natural que a dor chegue em algum momento, certo? O problema, para o rígido, é que ele é a força, e também a parede, causando a dor duas vezes – e mesmo quando se cansa, o corpo ainda empurra sem a consciência querer.

As tarefas repetidas e sem muito sentido também podem ter algum papel nesse esforço duplo, já que a pessoa está sempre no conflito de ter que fazer, mas não querer fazer: ir, mas não ir.

Um masoquista nas sombras

Além das ações que apontam o traço rígido, algumas questões na fibromialgia podem estar ligadas ao traço masoquista.

Ele também se preocupa em fazer muito, mas não pelo desejo de se destacar. Suas ações tem um sentido mais voltado para o “cuidar do outro” carregando o peso alheio sem pensar tanto em como ele vai afetar o seu tempo, ou até mesmo a sua saúde.

Um dos seus atributos mais fortes é o de guardar as coisas, como se estivesse amassando as próprias emoções para não deixá-las escapar. Essa atitude está nos relatos de pessoas com fibromialgia, que além de se esforçar ao máximo para cumprir as tarefas, também costumam reprimir sentimentos negativos por quem faz os pedidos.

Não é o caso de ter raiva do chefe e não falar nada para manter o emprego – essas pessoas não falam sobre as emoções e o excesso de tarefas com ninguém. Guardar as vivências para si poder estar ligado ao medo mais comum do traço masoquista, que é o de ser humilhado.

Leia também:  Dependência emocional: como dizer sim para minha própria vida?

Ele vê que não consegue realizar as tarefas, mas sente que falar sobre isso daria uma abertura à humilhação, pois outras pessoas iriam apontar a sua “fraqueza”. Esse modo de ver o mundo ganha força nos locais de trabalho onde há uma cobrança constante pelos erros, que para o traço masoquista tem um caráter muito mais hostil.

O desejo de cuidar e a atitude de guardar tudo para si ainda podem causar a demora na busca por ajuda, pois o traço masoquista gosta de se mostrar ao mundo como a figura de um pilar inabalável, que aguenta as pancadas do mundo sem perder a sua força.

Como controlar a fibromialgia?

Está claro que os remédios, sozinhos, não resultam no controle da fibromialgia, pois atuam apenas sobre a parte biológica da dor, sem atuar nas questões psicológicas que levam ao seu aparecimento.

Em primeiro lugar, é muito útil que você procure entender melhor qual é a história por trás da sua dor. Nesse texto é possível encontrar algumas situações comuns, e você pode avaliar com quais se identifica, ou o que ficou de fora.

Algumas mudanças de rotina tem se mostrado válidas para amenizar a fibromialgia, tais como a prática de exercícios físicos leves, de acordo com as condições de cada pessoa, e uma dieta balanceada com nutrientes que dão mais força e resistência aos músculos.

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Olhar e cuidar melhor de si

O apoio psicológico, seja no ambiente familiar ou através de apoio profissional, também é um ponto chave na recuperação da fibromialgia e no retorno às atividades costumeiras.

Nesse ponto, entretanto, devemos ter alguns cuidados. Se está claro que há um conflito no ambiente de trabalho, por exemplo, não basta que essa ajuda te leve a se forçar mais – até porque, como já vimos, essa força pode ser a própria causa da dor.

Em nosso artigo sobre as necessidades dos traços de caráter você encontra algumas formas de cuidar melhor, tanto do seu corpo quanto da sua mente, para evitar essa e outras formas de sofrimento.

Antes de adotá-los, no entanto, é importante realizar um processo de autoconhecimento usando ferramentas como a análise corporal, para confirmar se você tem mesmo uma ligação forte com os traços rígido e masoquista, ou se a dor está sendo criada por outros pontos da sua personalidade.

O auxílio de um processo como esse também permite dar vazão às emoções que talvez não estejam sendo ouvidas pela sua família, ou pelas pessoas do seu trabalho. Liberar a carga emocional que está presa, através das palavras, é um passo na direção da melhora.

Esse novo olhar para a questão ainda permite conhecer os seus pontos fortes, para que você possa ter foco neles e aumentar as suas aptidões. Isso evita cair mais uma vez num espaço que vai contra os seus anseios mais básicos, e produz sofrimento físico ou psicológico!

Como foi para você ler sobre a fibromialgia com esse entendimento? Que fichas caíram aí? Vou amar que você deixe as tuas impressões nos comentários. Além disso, me sentirei honrada em ser sua analista corporal.

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Luiza Meneghim

Especialista em desenvolvimento humano. Mentora de carreira e relacionamentos. Analista corporal. Membro fundador 027 do GPS.
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