Ansiedade e os traços de caráter

Ansiedade e os traços de caráter

A ansiedade já se tornou um tema comum, e hoje em dia é difícil encontrar alguém que não se considere ansioso.

Os conselhos para lidar com ela também se multiplicaram, mas uma grande parte deles olha para a ansiedade como algo genérico, que ocorre da mesma forma para todas as pessoas, e com isso as mesmas fórmulas se repetem: respire fundo, pratique exercícios, desenvolva a gratidão.

Dicas como essas trazem benefícios, e podem ajudar no controle da ansiedade, mas não tocam as raízes do problema – causas tão profundas que nós mesmos desconhecemos. Com isso elas se tornam uma espécie de analgésico, que pode afastar a dor de hoje, mas não impede o seu retorno amanhã.

Agora nós vamos conhecer melhor a ansiedade, analisando três aspectos para nos livrar de seus efeitos negativos:

  • Como ela se manifesta de formas únicas para cada pessoa;
  • Quais as suas causas;
  • Como ter controle real sobre a ansiedade.

O que é a ansiedade?

A ansiedade é uma forma natural de lidar com situações onde nos sentimos ameaçados, pensando nos possíveis perigos e em como vamos reagir. Ela impede que você cruze a rua sem olhar para os lados, ou se jogue numa piscina sem saber nadar, por exemplo.

Embora ela tenha essa natureza vantajosa, a ansiedade pode sair do controle e se tornar um problema. No Brasil, 19 milhões de pessoas tem algum transtorno nesse campo, e mesmo quem não atingiu os níveis que recebem um diagnóstico vivencia alguns sintomas de ansiedade vez ou outra.

Sabendo disso, podemos dizer que não dá pra se livrar da ansiedade, mas é muito possível ter algum controle sobre ela, evitando ficar ansioso com as coisas do dia a dia e deixando ela guardada para quando for útil.

Existe, inclusive, um nível ideal de ansiedade, e ele tem até nome: a lei de Yerkes-Dodson. Esses dois psicólogos descobriram, ainda em 1908, que cada tarefa exige um certo nível de tensão para ser realizada com sucesso.

Quando a ansiedade está muito alta, é impossível ter foco para fazer as coisas com cuidado, mas se o nível está muito baixo, não teremos motivação suficiente para agir, ficando presos ao tédio e à procrastinação.

Desde que essa teoria surgiu, diversos trabalhos comprovaram a existência do nível ideal de ansiedade avaliando pessoas em várias tarefas diferentes. De forma geral, podemos dizer que ele é como a velocidade ao dirigir: você não quer ir tão rápido ao ponto de causar um acidente, nem tão devagar que leve dias para chegar ao destino.

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A ansiedade e os traços de caráter andam de mãos dadas

Se você já conhece os traços de caráter, sabe que eles se formam para nos proteger de situações que, no começo da nossa vida, pareciam ameaçadoras. Pois é, os traços de caráter tem algo em comum com a ansiedade: eles tem funções protetoras. Dessa forma, podemos dizer que um tem tudo a ver com o outro.

Na formação dos traços, existe um elemento que é conhecido como a dor. Cada traço tem a sua dor, e podemos pensar nela como num medo existencial, algo que leva o traço a temer por sua própria vida.

Os traços fazem com que a pessoa pense e se comporte de formas que evitem a repetição dessa dor. Todos eles vão buscar certos ambientes, relações e atividades para sentir prazer com a vida e se afastar dos seus medos.

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E adivinha o que acontece quando algo não está de acordo com os planos de um traço? Essa parte de nós fica ansiosa, vendo ameaças em todo canto e se preparando para enfrentá-las.

Em alguns casos, se a pessoa foi exposta à dor por um longo período da vida, ela pode ficar ansiosa até mesmo num local seguro. Talvez seja por isso que, hoje, você vive a ansiedade e não consegue identificar o motivo.

Qual é a sua ansiedade?

Cada traço de caráter lida com o mundo de uma forma única. Nós vamos ver, sentir e fazer coisas diferentes, mesmo quando estamos numa situação idêntica. Isso não é apenas normal, mas também é algo positivo, pois cria uma diversidade que nos permite evoluir a partir da troca com os demais.

Quando a questão é a ansiedade, as coisas seguem do mesmo jeito. Você pode ter um ataque de pânico em situações que deixam outras pessoas muito calmas, e vice-versa.

Um exemplo fácil de perceber é o do traço esquizoide, que costuma evitar tudo ligado à exposição. Alguém com muita predominância desse traço pode fugir de palcos, enquanto o traço rígido faz as pessoas buscarem ser o centro das atenções.

Por outro lado, alguém com um traço oral muito alto pode ter um colapso se ficar a maior parte do tempo numa sala fechada, trabalhando sozinho, enquanto o esquizoide estaria muito bem nesse mesmo espaço.

Entender a sua ansiedade, portanto, é entender os seus traços e a dor de cada um. Eu vou dar alguns exemplos, mas se você quer se aprofundar no assunto pode baixar meu , com quase 100 páginas, e saber mais sobre como os seus traços estão guiando suas ações e pensamentos!

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Esquizoide

Sente a dor da rejeição, acreditando que o mundo não lhe quer. Por esse motivo, busca se esconder e pode ficar ansioso quando recebe muitos olhares. É alguém capaz de criar coisas únicas – nas artes, ciências, filosofia – mas tem medo de que as outras pessoas descubram isso e o achem “estranho” de alguma forma.

Como passa muito tempo em sua própria mente, também é comum sentir ansiedade ao pensar demais, criando cenários sobre o que pode dar errado. Quando o traço esquizoide está mal por algum motivo, tende a se esconder ainda mais no próprio interior, criando um ciclo no qual deixa de viver o momento presente e considera possibilidades cada vez piores. Uma pessoa com predominância desse traço pode ficar muito ansiosa quando precisa apresentar suas ideias, pois tem muito medo que elas sejam rejeitadas.

Oral

O traço oral sente a dor do abandono, e pode gastar muita energia pensando em como tudo vai dar errado se uma pessoa o deixar. Ouvir algo como “vou falar com você mais tarde” vai ligar todos os seus alertas, gerando ansiedade – é o clássico sofredor por antecipação. A tensão costuma gerar efeitos bem visíveis, sendo descontada em excessos como a comida, bebidas, compras e vícios, o que pode levar essa pessoa ao excesso de peso.

Se ele precisa estar num ambiente opressivo, com um chefe que grita o tempo inteiro, por exemplo, pode ter crises de choro ou até fugir do local. Seu desejo de agradar as outras pessoas pode fazer com que ele fique o tempo inteiro evitando conflitos e buscando formas de “não dar motivo” para ser abandonado – comportamento que é um caminho certo para a ansiedade. Essa pessoa também pode sentir ansiedade ao estar muito tempo sozinha, pois ela precisa de contato com outras pessoas.

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Psicopata

O traço psicopata surge quando a criança vê que precisa fazer algumas coisas para agradar seus pais e as outras pessoas. Ela pode sentir-se manipulada, criando uma dor que ela tenta aliviar manipulando os outros.

A manipulação não precisa ter um viés negativo – pode ser como líder de um projeto, ou negociando acordos, por exemplo. Esse traço pode ficar ansioso quando sente que é a parte mais fraca de situações como essa, vendo que o outro lado tem espaço para manipular, e seu poder de ação está reduzido.

Mesmo quando está numa posição de destaque, o traço psicopata pode sentir a ansiedade ao tentar controlar as suas relações, pensando no que deve fazer para obter algo de cada pessoa com quem convive, ou nos favores que lhe fizeram e podem ser cobrados no futuro, por exemplo. Uma pessoa desse traço pode se sentir ansiosa ao perceber que está prestes a ficar em uma posição de desvantagem, ou quando tem a sensação de que está sendo lesada.

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Masoquista

A ansiedade do traço masoquista tem um detalhe incomum: ela pode estar apontada para os problemas dos outros na maior parte do tempo. Esse traço é conhecido por pensar demais nos amigos e familiares, ao ponto de deixar suas próprias tarefas sempre para depois. Com isso, o masoquista pode ficar sem dormir buscando formas de ajudar, ou se sentindo culpado quando não consegue.

A sua dor pessoal está ligada à humilhação, dessa forma, o traço guarda muita coisa dentro de si e não costuma se abrir com ninguém. Isso pode criar a ansiedade de que seus segredos sejam expostos, atraindo uma atenção que ele não pediu para ter.

Como também é um traço muito ligado a métodos e planos, a ansiedade pode crescer diante de algum imprevisto, quando ele sente que perdeu o controle da situação. Alguém desse traço costuma sofrer de ansiedade quando está diante de problemas para os quais ainda não encontrou a solução.

Rígido

O traço rígido está muito ligado à dor da traição. Essa dor nasce quando a criança percebe que as pessoas formam pares, se tornando centrais na vida das outras. A criança vai se sentir traída porque o par que gostaria de ter – o pai ou mãe – já está com alguém.

Para não sobrar novamente, esse traço costuma fazer triangulações, tanto no amor quanto em outras áreas da vida. A pessoa cultiva várias opções para não depender de uma só. O problema é que a dor da exclusão e ciúmes somados a esse comportamento, faz o traço rígido pensar: será que estão fazendo o mesmo comigo?

Para evitar que isso ocorra, o traço vai fazer de tudo para estar por cima – estudando mais, se exercitando mais, tentando, de alguma forma, ser mais para a outra pessoa. Como a insegurança é interna, talvez ele nunca esteja satisfeito com seu progresso. Enfim, a busca por mais se torna uma fonte inesgotável de ansiedade. Os mil projetos inacabados também geram bastante ansiedade em uma pessoa desse traço.

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E como lidar com a ansiedade?

Entender que a sua ansiedade tem um jeito único de agir, muito ligado à sua forma de ver o mundo, já é um grande passo para ter mais controle sobre ela. Esse, no entanto, é apenas o começo. Além do conhecimento, temos de buscar situações e relacionamentos que nos ajudem a encontrar os recursos de cada traço.

O recurso é o oposto da dor: se ela nos deixa ansiosos, ele gera bem-estar e confiança. Será que você está mais próximo da dor ou do recurso? Pense nisso em seu local de trabalho, em casa, nas amizades, com a pessoa amada, para identificar as causas externas que alimentam a sua ansiedade.

Se as causas da ansiedade mudam, as formas de lidar com ela também precisam se adequar a cada traço. Eu vou deixar alguns exemplos, mas você pode baixar meu para entender melhor como cuidar dos teus traços.

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Esquizoide

  • Buscar pessoas que apoiem suas ideias, dando espaço para liberar a criatividade sem medo;
  • Cuidar melhor da relação com seu mundo interno. Passar muito tempo com os pensamentos pode ser bom para o traço, mas também pode ser perigoso se ele cortar sua ligação com a realidade;
  • Praticar a exposição pública em situações controladas, para ter mais confiança quando tiver de fazer uma apresentação ou interagir com pessoas novas.

Oral

  • Antes de mais nada, é importante buscar relacionamentos que sejam troca de afeto;
  • Cuidar das suas emoções, reservando espaço para chorar quando sentir que precisa, por exemplo;
  • Comunicar os sentimentos, tanto falando quanto através da arte ou dança, pois a expressão é uma necessidade do traço oral.

Psicopata

  • Buscar situações onde possa explorar seus recursos, usando a negociação e a liderança para crescer;
  • Ter acordos claros, sabendo de início o que cada parte deve fazer;
  • Se cercar de pessoas justas, que não cobrem ou apontem cada favor realizado, por exemplo.

Masoquista

  • Afastar-se de quem critica tudo o tempo inteiro;
  • Ter pessoas de confiança, com quem possa abrir os sentimentos e aliviar a pressão;
  • Buscar ambientes onde regras e procedimentos claros são uma vantagem.

Rígido

  • Fazer alguma atividade que lhe dê prazer, pensando um pouco mais em seus próprios interesses;
  • Usar as habilidades de persuasão e conexão a seu favor, investindo em posições como negócios e vendas;
  • Usar as triangulações para organizar as áreas de sua vida. Equilibre o pessoal e o profissional ao invés de se dividir entre duas pessoas, por exemplo.

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Conclusão

Viu como é possível afastar a ansiedade e assumir o controle da sua vida? Você pode fazer isso. Respeite a forma única com que você enxerga o mundo. Essa é uma mudança possível, mas ela requer o conhecimento sobre si mesmo e o cuidado com as suas necessidades.

O primeiro passo para resolver esse desafio e começar a viver uma vida sem ansiedade é a sua análise corporal. Nós vamos olhar com todo carinho para os seus traços e como eles podem se tornar as ferramentas mais importantes da sua vida!

 

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Luiza Meneghim

Especialista em desenvolvimento humano. Mentora de carreira e relacionamentos. Analista corporal. Membro fundador 027 do GPS.
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Especialista em desenvolvimento humano. Mentora de carreira e relacionamentos. Analista corporal. Membro fundador 027 do GPS.

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